Era uma vez, uma tribo indígena pouco conhecida. Essa tribo
tinha uma tradição muito peculiar: sempre,
no fechamento de todos os ciclos, eles marcavam com uma festa.
Comemoravam pois acreditavam que de todo fim, necessariamente, nasceria um novo
começo, muito mais forte.
E era assim com tudo.
No fim das estações, no fim da época de colheitas, no fim do
inverno e no fim da vida. Para eles não existia o luto, apenas a gratidão e a
felicidade de vida nova, de um recomeço.
Certa vez, seu pajé mais reconhecido adoeceu com uma doença
trazida pelo homem branco, e essa tribo se calou – pararam as cantorias e
cessaram as festas. Era o inicio de seu fim. E a tristeza preencheu os espaços
vazios no coração de todos. Era injusto, afinal! Sempre viveram tão bem sozinhos!
Por que o grande Deus decidira jogar sua ira sobre seus destinos? Por que eles?
Por que logo eles?
A pergunta correta a se fazer seria: “por que não eles?” Por
que eles permitiram que se abrisse um espaço vazio entre seus corpos e suas almas?
Quantas vezes, repetidamente, e movidos pelo que julgamos
por injustiças, abrimos espaço entre o nosso Eu maior e o nosso Eu interior? O
espaço é poderoso! É a causa de todo o mal do mundo – de toda a morte. Átomos
são imortais, o que se perdem são suas ligações atômicas – é o espaço criado
entre os átomos que gera toda a degeneração de tudo que conhecemos.
Uma vez que acabamos com o espaço, acabamos com a dor,
acabamos com o sofrimento, acabamos com a morte.
Fica a pergunta: nossas ações diárias refletem posturas proativas
que permitem aniquilar o espaço gerado entre nós e a Luz? O que estamos fazendo
para aniquilar o espaço, para acabar com a saudade, para acabar com os caminhos
obstruídos? Em nossas ações, estamos escolhendo a luz ou as trevas?
Até quando permitiremos que haja espaço entre nós para que,
à semelhança daquela tribo, tracemos o caminho de nossa autodestruição? Não dê
início ao seu fim. Não acredite na injustiça. Não desobedeça o que nos foi
confiado. Não permita-se enganar pela ilusão do “de repente” e da “coincidência”.
Contemple cada presente que a vida te dá! Festeje cada fim, para dar boas
vindas a cada recomeço. Viva!
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